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Trabalho Portfolio de grupo(Ana Neri), Traduções de Pedagogia

CONSTRUÇÃO TEXTUAL DAS DISCIPLINAS SOCIOLOGIA.CONTEXTO HISTORICO.PSICOLOGIA,FILOSOFIA E DO FILME FALADO

Tipologia: Traduções

2011

Compartilhado em 12/06/2011

ana-neri-bernardes-5
ana-neri-bernardes-5 🇧🇷

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Baixe Trabalho Portfolio de grupo(Ana Neri) e outras Traduções em PDF para Pedagogia, somente na Docsity! 1 INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é propor uma discussão acerca do homem enquanto sujeito e construtor de uma sociedade, e os meios historicamente utilizados por ele, seus mitos, sua linguagem na construção desta sociedade. Queremos neste trabalho responder as seguintes perguntas: Como o homem em determinados momentos históricos vai se construindo enquanto sujeito e constrói sua cultura e sociedade? Como podemos fazer uma relação entre mito e cotidiano? Como a aquisição da linguagem pelo sujeito pode ajudar o desenvolvimento dele mesmo e dos grupos dos quais se insere? Por conseguinte, queremos relacionar as respostas dessas perguntas acima, interligando-as com a nossa impressão acerca do filme de Manoel de Oliveira, denominado “Um filme falado” que conta a viagem de uma professora de História, e sua pequena filha, do Porto de Lisboa a Bombaim na Índia, apresentando a trajetória da constituição do Ocidente. A cada grande cidade ou local de evento relevante, a professora relata a criança os feitos políticos, os principais combates, os atos de resistência, a grandiosidade da arte, os mitos, a linguagem da nossa sociedade. O filme de Manoel de Oliveira, lançado em 2003, guarda bons momentos de silêncio na observação de arquiteturas ou esculturas, no navio que rompe o mar. Mas, como deixa claro o título da película, o falar predomina, expõe tanto o brilhantismo como as fraturas da civilização ocidental. PAGE 3 2 DESENVOLVIMENTO A história do homem é a história da própria cultura. O processo de hominização dá-se através da cultura, assim como a cultura traduz esse processo, a princípio orgânico e posteriormente social. A cada fase do desenvolvimento humano, a cultura projeta o nível desse desenvolvimento, que só foi capaz de ocorrer devido a essa ação do homem sobre a sua realidade, com os desafios e obstáculos presentes em cada momento histórico. A cada momento desse desenvolvimento, a cada criação humana, o homem foi aperfeiçoando-se e transformando a realidade e a sua própria existência. Essa transformação do modo de existência tornou o homem um ser produtor, a princípio inconsciente e depois consciente, de si mesmo. A construção da sociedade ocorre devido a necessidade do homem na ação coletiva da realização do seu ser, o que significa a passagem à etapa social da produção da cultura e sua diversificação por efeito da aquisição cada vez mais vultosa de conhecimentos. A sociedade é fruto da natureza do homem, aliada à participação da vontade e inteligência humana. O homem, ao procurar a ordem no mundo, cria tanto o mito como a filosofia. Muitos povos da antigüidade experimentaram o mito, que é um pensamento por imagens. Os gregos também fizeram a experiência de ordenar o mundo por meio do Mito. Estes perceberam que o Mito era um jeito de ordenar o mundo. São nas experiências do dia-a-dia, nos sucessos e nos fracassos que se fazem notar o imbatível otimismo do ser humano, em outras palavras, sua vontade de acreditar. Desde tempos remotos os fenômenos da natureza, o respeito pela vida e morte e a não compreensão de determinados eventos naturais e físicos contribuíram para a criação de lendas, mitos e crendices. O Mito (Mythos) é narrado pelo poeta-rapsodo, que escolhido pelos deuses transmitia o testemunho incontestável sobre a origem de todas as coisas, oriundas da relação sexual entre os deuses, gerando assim, tudo que existe e que existiu. Os mitos também narram o duelo entre as forças divinas que interferiam diretamente na vida dos homens, em suas guerras e no seu dia-a-dia, bem como explicava a origem dos castigos e dos males do mundo. Ou seja, a narrativa mítica é uma genealogia da origem das coisas a partir de lutas e alianças entre as forças que regem o universo. As narrativas míticas tentavam responder as questões fundamentais, como: a origem de todas as coisas, a condição do homem e suas relações com a natureza, com o outro e com o mundo, enfim, a vida e a morte, questões que a filosofia desenvolveu no decorrer de suahistória. O pensamento mítico é por natureza uma explicação da realidade que não necessita de metodologia e rigor, indiferente a razão, que caracteriza-se pela tentativa de dar respostas a esta mesma realidade, a partir de conceitos racionais. PAGE 3 O homem pode ser identificado e caracterizado como um ser que pensa e cria explicações. Criando explicações, cria pensamentos. Na criação do pensamento, estão presentes tanto o mito como a racionalidade, ou seja, a base mitológica, enquanto pensamento por figuras, e a base racional, enquanto pensamento por conceitos. Esses elementos são constituintes do processo de formação do conhecimento filosófico. Este fato não pode deixar de ser considerado, pois é a partir dele que o homem desenvolve suas idéias, cria sistemas, elabora leis, códigos, práticas. Compreender que o surgimento do pensamento racional, conceitual, entre os gregos, foi decisivo no desenvolvimento da cultura da civilização ocidental é condição para que se entenda a conquista da autonomia da racionalidade (Logos) diante do mito. Esta passagem do pensamento mítico ao pensamento racional no contexto grego é importante para que se perceba que os mesmos conflitos entre mito e razão, vividos pelos gregos, são problemas presentes, ainda hoje, em nossa sociedade, onde a própria ciência depara-se com o elemento da crença mitológica ao apresentar-se como neutra, escondendo interesses políticos ou econômicos em sua roupagem sistemática, por exemplo. Enfim, os mitos fazem parte de muitos atos da vida do homem e variam de lugar pra lugar, cultura para cultura. Em sua maioria, servem para intimidar ou alertar. Uma forma de manter as crianças sob controle ou fazer com que o povo aprofunde sua fé, muitas dessas crenças, apesar de antigas, são mantidas até hoje, são passadas de geração para geração. Toda manifestação simbólica tem seu valor e não deve deliberadamente ser extinta ou anulada. Sabemos que a utilização de meios auxiliares de linguagem amplia, infinitamente, o sistema de atividades das funções psíquicas. O psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky, parte do pressuposto de que a inclusão dos signos no processo de comportamento altera e reconstrói toda a estrutura e a composição do comportamento, assim como os instrumentos técnicos recriam toda a organização do trabalho. A linguagem simbólica desenvolvida pela espécie humana, têm um papel similar ao dos instrumentos técnicos para com a organização do trabalho: tanto os instrumentos de trabalho quanto os signos são construções da mente humana, que estabelecem uma relação de mediação entre o homem e a realidade. Por esta similaridade, Vygotsky denominava os signos de instrumentos simbólicos, com especial atenção à linguagem, que para ele configurava-se um sistema simbólico fundamental em todos os grupos humanos e elaborado no curso da evolução da espécie e história social. e está baseado no aprendizado que sempre envolve interferência, direta ou indireta, de outros indivíduos e a reconstrução pessoal da experiência e dos significados. Podemos dizer que a linguagem é uma espécie de cabo de vassoura muito especial, capaz de transformar decisivamente os rumos de nossa atividade. Quando aprendemos a linguagem específica do nosso meio sociocultural, PAGE 3 experiências culturais específicas. É o assunto da conversa no restaurante, ao jantar, entre um americano, uma francesa, uma italiana e uma grega. Todos falam nas línguas pátrias e todos se entendem. Entretanto, não é a realidade da União Europeia a questão que o filme aborda mas, de forma bem mais ampla, a questão presente no mundo contemporâneo, a do choque civilizacional entre as culturas hegemônicas no mundo ocidental e no mundo árabe, o radicalismo crescente entre grupos representativos desses universos culturais. Um Filme Falado é, como o próprio nome sugere, sobre o problema da comunicação. PAGE 3 3 CONCLUSÃO O cineasta português realizou uma obra envolvente de ritmo lento, mas veemente em suas implicações históricas que culmina num final desolador, impactante, lembrando que a comunicação que conecta as diferentes construções culturais, políticas, religiosas, parece desrespeitada, corroída, gasta, no qual a história se empalidece, equivocada em sua autoridade e vítima da imoderação daqueles que a exaltam e daqueles que a depreciam. E o futuro, infante como a menina Maria Joana, parece sombrio diante de um conhecimento que acumula beleza e barbárie em eqüidade. Este é o presente; os restos são ruínas de tempos gloriosos que se foram, juntos com os mitos, agora mais mitos do que nunca. As estátuas de Dom Henrique, o ovo do castelo de Nápoles, os deuses gregos, a mesquita turca, a Esfinge quebrada; o ocidente se desvencilhou de suas crenças para abraçar a tecnologia. Tudo que restaram foram vestígios, e tudo que nos resta é imaginar o que um dia foi a marca dessa cultura, como os turistas fazem nas ruínas de Pompéia. A comunicação entre os povos, entre ideologias, as barreiras lingüísticas, a história como um instrumento de articulação entre o passado e o presente, o homem com seus mitos e logos, a continuidade pela transmissão de conhecimento. Diversas questões são postas em pauta durante o longa, o que rende diferentes interpretações e discussões sem fim, e a atualidade gritante do tema que certamente transformará este filme daqui a algumas décadas em um retrato antropológico de nossa época, dita a grande força dele em não simplesmente expor suas idéias, mas constantemente dialogar conosco. PAGE 3 REFERÊNCIAS FACCI, Marilda Gonçalves Dias. Valorização ou esvaziamento do trabalho do professor?: um estudo crítico-comparativo da teoria do professor reflexivo, do construtivismo e da psicologia vigotskiana. Campinas: Autores Associados, 2004. GOMES, Luisa Costa; FIGUEIREDO, Ilda. Antologia filosófica: a reflexão filosófica, do mito à razão ; dialética da acção e do conhecimento; valores ético- políticos. Lisboa: Livros Horizonte, 1983. MARTINS, Lígia Márcia. A formação social da personalidade do professor: um enfoque vigotskiano. Campinas: Autores Associados, 2007. VERNANT, Jean-Pierre. Entre Mito e Política. São Paulo: Editora da USP, 2001. _________ Mito e Pensamento entre os gregos. São Paulo: Editora da USP, 1973 VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1996. VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998. PAGE 3
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