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Guias e Dicas
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Livro - mogno na Amazônia brasileira, Manuais, Projetos, Pesquisas de Ciências Biologicas

uma descrição sobre o mogno em toda a sua área de ocorrência natural na América do Sul e América Central, com ênfase numa pesquisa recente conduzida no Brasil

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

Antes de 2010

Compartilhado em 09/08/2009

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Baixe Livro - mogno na Amazônia brasileira e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Ciências Biologicas, somente na Docsity! MOGNO NA AMAZÔNIA BRASILEIRA: Ecologia e Perspectivas de Manejo E Jams corr POE AO AME gr AS James Grogan - Ph.D. Paulo Barreto - M.Sc Adalberto Veríssimo - M.Sc MOGNO NA AMAZÔNIA BRASILEIRA: Ecologia e Perspectivas de Manejo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia 2002 Grogan et al. -4- RESUMO O valor comercial extraordinário do mogno tem estimulado a sua extração na Amazônia Brasileira há muitos anos, mas com maior intensidade desde o início dos anos 1970. Na medida em que a exploração madeireira se aproxima dos últimos esto- ques naturais de mogno no sul do Pará, sudeste do Amazonas e Acre, os órgãos ambientais brasileiros têm respondido às preocupações do público sobre o futuro co- mercial dessa espécie: i) reduzindo as cotas de exportação desde 1990; ii) proibindo a autorização de novos planos de manejo florestal para o mogno desde 1996; e iii) proi- bindo o transporte, processamento e comercialização dessa espécie, após detectar prá- ticas ilegais de exploração no sul do Pará em outubro de 2001. Para garantir o futuro do mogno como um patrimônio natural e recurso natural renovável é necessário con- verter as informações técnicas disponíveis em diretrizes de manejo florestal que este- jam de acordo com os interesses públicos, sejam viáveis para a indústria e auditáveis pelos órgãos ambientais. Neste trabalho, apresentamos uma descrição sobre o mogno em toda a sua área de ocorrência natural na América do Sul e América Central, com ênfase numa pesquisa recente conduzida no Brasil. O mogno é uma árvore grande que ocorre em baixas den- sidades (geralmente, menos de uma árvore adulta por hectare) em florestas primárias sazonais, freqüentemente aglomeradas ao longo dos rios ou em zonas de transição eco- lógica altamente perturbadas. O mogno ocorre sob várias circunstâncias climáticas, hidrológicas, edáficas e de competição em toda a sua vasta área de ocorrência natural. Citado na América Central e Bolívia como uma espécie que requer perturbações catas- tróficas de larga escala para se regenerar, o mogno também tem demonstrado capaci- dade de se regenerar após perturbações de pequena escala no sul do Pará. As sementes de mogno dispersas pelo vento têm alto poder germinativo, porém, sua dispersão tem um alcance relativamente curto. As plântulas são resistentes e crescem rapidamente onde há muita luz e solos férteis. As taxas de crescimento do diâmetro das árvores juvenis e adultas (diâmetro à altura do peito ou DAP maior que 10 cm) podem exceder 1 cm/ ano por muitos anos ou décadas. Porém, um predador natural – a broca do ponteiro, a larva da mariposa Hypsipyla grandella, a qual se alimenta dos tecidos do caule da planta em crescimento – pode limitar a população em florestas naturais e, controlar essa pra- ga nas plantações é geralmente muito dispendioso. No sul do Pará, a população do mogno em florestas naturais incluía árvores juve- nis suficientes para proporcionar uma segunda colheita cerca de 30 anos após a primei- ra. Porém, os madeireiros geralmente cortavam parte das árvores jovens e as estradas abertas para a extração de mogno freqüentemente levaram à conversão de florestas em pastagens ou campos agrícolas. Onde a floresta é mantida, a regeneração do mogno nas clareiras da exploração é geralmente pobre. Isso ocorre devido à baixa produção de sementes antes da colheita, baixa disponibilidade de sementes após a colheita resultan- te do corte das árvores antes de as sementes se dispersarem e/ou ao fato de a vegeta- ção dominante competir com as plântulas de mogno e arvoretas durante os anos após a extração. Mogno na Amazônia -5- As recomendações para o manejo de mogno em floresta natural baseadas em estu- dos no sul do Pará incluem: o planejamento das colheitas para reduzir os danos à flo- resta residual, o respeito aos limites de diâmetro mínimo para corte (idealmente, árvo- res com DAP a partir de 55 cm) e consideração de critérios de seleção de árvores ma- trizes, derrubada direcional e coleta de sementes das árvores derrubadas para redistribuição em clareiras de exploração. A regeneração do mogno deve ser estimula- da artificialmente, pois a regeneração natural é rara. Para isso, as sementes coletadas deveriam ser plantadas em baixa densidade em clareiras causadas pela derrubada de árvores. Para garantir o estabelecimento dessas mudas serão necessários tratamentos nos primeiros anos após o plantio e novamente após 25 a 30 anos, quando as árvores que hoje são juvenis (com DAP de 25 cm a 55 cm) serão extraídas. Uma segunda série de plantios de enriquecimento deveria seguir a segunda extração, e assim por diante, por períodos de rotação sucessivos de cerca de 30 anos. Para melhorar o controle sobre a exploração de mogno na Amazônia Brasileira recomendamos: i) a realização de um inventário das florestas exploradas e não explora- das dentro da área de ocorrência natural do mogno em todo o território nacional, a fim de estimar os estoques históricos e comercializáveis sobreviventes; ii) a melhoria do controle dos planos de manejo, incluindo o rastreamento via satélite do transporte de toras e o georreferenciamento dos planos de manejo em imagens de satélite; e iii) a indução à certificação independente do manejo florestal, para dar credibilidade ao co- mércio de mogno do Brasil. Grogan et al. -6- INTRODUÇÃO O mogno (Swietenia macrophylla King, Meliaceae) é uma das espécies de maior va- lor madeireiro do mundo – em 2001, um metro cúbico de mogno serrado de qualidade superior foi vendido por cerca de US$ 1.200 (preço FOB). Por causa dessa importân- cia, o mogno tem sido intensamente extraído nas últimas décadas em sua área de ocor- rência natural na América tropical desde o México até o Brasil (Rodan et al. 1992, Veríssimo et al. 1995, Snook 1996, Lugo 1999). Entre 1971 e 2001, o Brasil exportou aproximadamente 4 milhões de metros cúbicos de mogno serrado. A maioria (75%) foi exportada para os Estados Unidos e Inglaterra. A exploração total é estimada em 5,7 milhões de metros cúbicos serrados1, estimando que cerca de 1,7 milhão de metros cú- bicos foi consumido no mercado nacional nesse período. O valor bruto estimado dessa produção, considerando um preço médio histórico de US$ 700/m3, seria cerca de US$ 3,9 bilhões (5,7 milhões m3 x US$ 700/m3). A elevada importância comercial do mogno e a sua vulnerabilidade ecológica têm sido objetos de intensa polêmica sobre como garantir a conservação e o uso sustentado dessa espécie. Um passo importante para a solução desse dilema é conhecer a história natural do mogno (em especial, o padrão de regeneração) ao longo de sua área de ocor- rência. Por exemplo, estudos na América Central e Bolívia revelam que o mogno tende a regenerar-se depois de grandes perturbações na floresta, como incêndios, furacões e inundações (Stevenson 1927, Lamb 1966, Gullison & Hubbell 1992, Snook 1993, Gullison et al. 1996). Por outro lado, pesquisas na Amazônia Brasileira indicam que a regeneração do mogno ocorre sob condições de distúrbios moderados tais como a abertura de clareiras naturais na floresta (Grogan 2001). A exploração do mogno foi uma das questões de conservação mais polêmicas dos anos 1990, principalmente no âmbito da Convenção Internacional sobre Espécies Ameaçadas de Extinção (Cites). Alguns países e grupos ambientalistas têm defendido a inclusão do mogno como espécie ameaçada de extinção, o que poderia coibir a explo- ração predatória dessa madeira (Rodan et al. 1992, NRDC 1994). Por outro lado, países produtores e madeireiros argumentam que não há informação conclusiva sobre o risco de extinção da espécie. Além disso, eles argumentam que os sistemas de controle exis- tentes nos países são suficientes para assegurar a conservação e o manejo da espécie (Figueroa Colón 1994). O Brasil tem estado no centro desse debate por ser um dos maiores produtores de mogno e abrigar uma das últimas reservas naturais da espécie. No Brasil, a exploração de mogno tem sido freqüentemente associada a práticas predatórias e ilegais. O governo do Brasil tem tentado controlar a exploração de mog- no desde 1996, quando proibiu a entrada de novos planos de manejo. Além disso, o País estabeleceu cotas decrescentes de volume para exportação desde 1990. Finalmen- te, em 2001, após uma avaliação no campo, o Ibama suspendeu todos os planos de manejo de mogno por considerá-los tecnicamente inadequados ou fraudulentos. O Ibama também suspendeu a exportação da madeira já explorada (Ibama 2001a e Ibama 2001b). 1 Equivalem a 12,6 milhões de metros cúbicos de mogno em tora se considerarmos um rendimento médio de 45% na conversão de madeira em tora para serrada. M ogno na A m azônia -9- Figura 1. Zona de ocorrência do mogno na América do Norte e Central. Baseado em Lamb (1966). G rogan et al. -10- Figura 2. Zona de ocorrência do mogno na América do Sul. Baseado em Lamb (1966) e em observações de campo dos autores. Mogno na Amazônia -11- A ocorrência do mogno também tem sido descrita nas florestas de terra-firme. Deslocando-se para as zonas interfluviais e ecossistemas de terra-firme em Belize, o mogno tipicamente ocorre em maior densidade nas zonas de transição, onde diferentes comunidades vegetais se misturam e onde os solos possuem média e boa drenagem. Os exemplos incluem tipologias vegetais como a sequelar, entre savanas e florestas, e as associações de palmeira botanal-escobal, que ocorrem em solos bem-drenados, nas áreas de transição entre florestas alagadas e vegetação de terra-firme (Lamb 1966). Negreros- Castillo (1991) observa que na península de Yucatan (México), onde a baixa velocidade de deslocamento da água reflete essencialmente uma paisagem plana (Snook 1993), o mogno cresce em depressões topográficas onde se acumulam solos ácidos e mal-drena- dos, assim como nos solos alcalinos e bem-drenados na parte mais alta da região. Em termos gerais, a densidade de mogno é maior nas áreas mais secas e com maior tendên- cia a distúrbios do que nas áreas mais úmidas e estáveis (Lamb 1966). Árvores maduras de mogno são tipicamente encontradas em manchas dispersas nas florestas com densidade inferior a um indivíduo por hectare. Nessas manchas, o mogno pode ocorrer em agregações de algumas dezenas até centenas de indivíduos, geralmente intercaladas por extensas áreas de floresta sem a presença dessa espécie. Densidades elevadas de mogno têm sido descritas na América Central. No distrito de Peten (norte da Guatemala), a densidade de mogno tem atingido até 12 árvores por hectare. Pequenas áreas com altíssima densidade de mogno – 55 a 70 indivíduos por hectare – têm sido descritas no Panamá, Nicarágua, Guatemala, Belize e México (Lamb 1966). Gullison et al. (1996), trabalhando nas áreas de floresta baixa na Bolívia, obser- varam que o mogno ocorre em manchas de floresta de até centenas de hectares. Nessas florestas, a densidade média é baixa, com apenas 0,1 - 0,2 árvores comerciais por hec- tare (> 80 cm de DAP) e densidade similar para árvores com DAP menor que 80 cm. Em paisagem similar, Quevedo (1986) e Saa et al. (1996) descrevem o mesmo padrão de distribuição com manchas, porém com densidade de até sete árvores de mogno por hectare. Regeneração e Crescimento Classificada como espécie pioneira ou secundária tardia (Budowski 1965, Denslow 1987, Swaine & Whitmore 1988), o mogno regenera-se em clareiras abertas na floresta. As sementes de mogno são aladas e, portanto, dispersas pelo vento (Pennington et al. 1981). Uma árvore adulta de mogno pode produzir até 600 frutos ou 30.000 sementes por ano (Gullison et al. 1996) (Figuras 3 e 4). A maioria das sementes é dispersa até cerca de 80 metros da árvore matriz, principalmente na direção dos ventos mais fortes e durante o final da estação seca (Gullison et al. 1996). A germinação das sementes ocorre rapidamente no sub-bosque, após o início da estação chuvosa (Morris et al. 2000). Entretanto, pode ocorrer atraso na germinação em ambientes secos, como as clareiras criadas por distúrbios (Grogan 2001). As plantas jovens (Figuras 5 e 6) requerem eleva- da luminosidade e abertura de dossel para crescer rapidamente em altura (Stevenson 1927, Lamb 1966, Gullison & Hubbell 1992, Gullison et al. 1996). Em florestas nativas, a taxa de incremento diamétrico para árvores com DAP maior que 10 cm varia de 0,26 cm a 1,09 cm por ano. Em alguns casos, as árvores menores (DAP < 50 cm) podem Grogan et al. -14- Manejo e Silvicultura do Mogno Regeneração natural escassa Há uma ampla literatura mencionando uma regeneração escassa de mogno após a exploração madeireira (Stevenson 1927, Lamb 1966, Quevedo 1986, Snook 1993, Ve- ríssimo et al. 1995, Gullison et al. 1996, Dickinson & Whigham 1999, Grogan et al., no prelo). Isso evidencia que as atuais práticas de exploração madeireira têm ocasionado a extinção comercial local e regional da espécie (Gullison & Hardner 1993, Snook 1996, Whitman et al. 1997). A descoberta de escassez da regeneração do mogno no México levou Snook (1993) a recomendar um sistema de manejo florestal que reproduz as con- dições existentes nos grandes distúrbios naturais. Para essa autora, é necessário criar grandes clareiras através da remoção de espécies secundárias, tanto antes quanto duran- te a extração do mogno. Além disso, para garantir o povoamento das áreas abertas seria necessário adotar práticas como a escarificação do solo e limpeza da vegetação (por exemplo, queima controlada, capina, etc.) e manter as matrizes para produção de sementes. As recomendações de Gullison et al. (1996) para o manejo incluem: a manu- tenção de grandes árvores matrizes em áreas apropriadas para crescimento das plântu- las; a ampliação dos ciclos de corte em colheitas monocíclicas a cada 100 anos ou mais, considerando o crescimento diamétrico lento; e a inclusão de outras espécies na colhei- ta, para melhorar a viabilidade financeira da exploração. Sistema de regeneração “shelterwood” Os primeiros experimentos silviculturais com mogno foram conduzidos pelo de- partamento florestal das Honduras Britânicas (Belize) na década de 1920. O sistema “shelterwood” consiste em abrir espaço parcial para o crescimento das plântulas e ao mesmo tempo reter parcialmente a cobertura do dossel. Nesse sistema, a regeneração de plântulas foi abundante, porém as taxas de crescimento foram baixas devido ao ambiente sombreado (veja também Negreros-Castillo & Mize 1993, Negreros-Castillo & Hall 1996). Além disso, muitas arvoretas livres da competição com a vegetação aca- baram sendo fortemente atacadas pela broca do ponteiro (Hypsipyla grandella). A larva dessa mariposa mata o botão terminal, o que gera a ramificação e conseqüente perda da forma do tronco da árvore de mogno (Stevenson 1927, Lamb 1966). Por causa do im- pacto severo da broca do ponteiro nas áreas abertas, o experimento foi abandonado, transformando-se em vegetação secundária. Sistema agroflorestal Em um outro sistema, o taugnya, o mogno é plantado em espaço regular entre as fileiras de milho nas áreas desmatadas. Esse sistema prometia um crescimento rápido tanto em altura como em diâmetro (Lamb 1966), pois plantios de enriquecimento expe- rimentais em floresta úmida em Veracruz (México) indicaram que o crescimento em altura das mudas correlaciona-se positivamente com o nível de abertura do dossel (Ra- mos & del Amo 1992). Entretanto, as plantações de mogno na América tropical têm Mogno na Amazônia -15- fracassado por causa da broca do ponteiro, a qual infesta áreas plantadas com alta den- sidade (Newton et al. 1993, Mayhew & Newton 1998). Muitos autores têm observado que o plantio do mogno em baixa densidade nas áreas de vegetação secundária pode reduzir o ataque da broca do ponteiro (Stevenson 1927, Swabey 1941, Marie 1949, Brienza 1980, Yared & Carpanezzi 1981, Oliveira 2000). MOGNO NA AMAZÔNIA BRASILEIRA Zona de Ocorrência Natural No Brasil, a zona de ocorrência natural do mogno é um arco ao sul da Amazônia, cobrindo cerca de 1,5 milhão de km2 (Figura 2). Essa zona estende-se do centro-leste do Pará, passando pelo sul do Estado, noroeste do Tocantins, noroeste de Mato Gros- so, sudeste do Amazonas até a maior parte de Rondônia e Acre (Lamb 1966, Contente de Barros et al. 1992). As áreas com maior densidade de mogno estão situadas na zona de transição floresta-cerrado no sudeste do Pará (entre o rio Xingu e a rodovia PA- 150), bem como na porção central e norte de Rondônia. No sudeste do Pará, a densida- de de mogno atingiu três árvores (DAP > 10 cm) por hectare nas florestas nativas antes da exploração (Veríssimo et al. 1995, Baima 2001, Grogan 2001, Jennings & Brown 2001). Fora dessa região a densidade era bem mais baixa, em torno de uma árvore para cada 5 ha - 20 ha dentro da zona de ocorrência. Breve História da Exploração Sabemos pouco sobre a história da extração do mogno nas terras baixas aluviais da Amazônia Ocidental. A exploração comercial ao longo dos afluentes peruanos do rio Solimões começou por volta da primeira década do século 20, e acelerou-se por volta dos anos 1920 com a construção de serrarias em Iquitos (Hoy 1946, Lamb 1966). O acesso difícil às florestas de terra-firme limitou as primeiras explorações às adjacências dos rios maiores. Nessa exploração as árvores eram derrubadas e arrastadas para os cursos d’água mais próximos para que flutuassem rio abaixo para então serem proces- sadas. Acre A exploração de mogno no Estado do Acre ocorreu em duas fases. Primeiro nas décadas de 1930 e de 1940, ao longo das margens dos rios principais do oeste do Esta- do – por exemplo, Juruá, Tarauacá, Envira e Purus. Nessa época, as árvores eram trans- portadas em jangadas e levadas até Manaus e Belém para processamento e exportação. A segunda fase ocorreu no início dos anos 80, na porção oriental do Estado, com a chegada dos colonizadores e madeireiros oriundos de Rondônia. O mogno era então serrado e transportado por caminhões até o porto de Paranaguá (Paraná) e São Paulo. Grogan et al. -16- Pará e Mato Grosso Por volta dos anos 1940, sabia-se que o mogno ocorria no extremo oriental da re- gião do rio Tocantins (Froes 1944, Lamb 1966), porém as dificuldades de acesso e trans- porte para o Estado do Pará impediram a exploração nessa região. Entretanto, em mea- dos dos anos 1960, a construção das rodovias Belém-Brasília e Transamazônica abriu a possibilidade de exploração nessa região. A primeira “onda” de exploração de mogno ocorreu ao longo do rio Araguaia e seus afluentes. No início dos anos 1970, esses esto- ques de mogno haviam sido exauridos e a exploração deslocou-se para oeste em florestas ricas em mogno ao longo da nova rodovia estadual PA-150. Os estoques foram liquida- dos nessa região durante o final dos anos 1970 e início dos anos 1980, e os exploradores deslocaram-se novamente para o oeste ao longo da estrada não pavimentada PA-279 em direção a São Felix do Xingu (Schmink & Wood 1992, Veríssimo et al. 1995). Durante os anos 1980, as regiões ricas em mogno situadas no sul do Pará e norte de Mato Grosso foram intensamente exploradas. Essa exploração ocorreu principal- mente em terras devolutas e Terras Indígenas através de acordos ou simplesmente pela invasão das áreas. Novas áreas ricas em mogno foram localizadas por exploradores através de sobrevôos em pequenos aviões. As equipes de exploração deslocaram-se continuamente para oeste numa frente ampla de norte a sul, cruzando o rio Xingu, e daí extraindo mogno a oeste na região do rio Iriri. Depois disso, em anos recentes, as ma- deireiras migraram para a região de Novo Progresso (oeste do Pará) ao longo da San- tarém-Cuiabá e sudeste do Amazonas. Enquanto isso, a extração continua ocorrendo na região da “Terra do Meio” situada entre os rios Iriri e Xingu, na medida em que os madeireiros retornam para extrair os estoques remanescentes – em muitos casos árvo- res com diâmetro menor do que 45 cm (Greenpeace 2001). Rondônia No início dos anos 1980, a exploração de mogno em Rondônia teve um notável crescimento devido a um intenso programa de colonização ao longo da BR-364. Nesse período, a exportação de mogno de Rondônia equiparou-se à do Pará. Além disso, a política do governo federal de subsídio às exportações incentivou a “corrida ao mog- no” pelas grandes empresas de exportação sobre as terras devolutas e áreas protegidas e indígenas. No final dos anos 1980, os estoques comerciais de mogno de Rondônia foram basicamente liquidados (Browder 1986, 1987, Cedi 1992). Padrões de Distribuição A distribuição do mogno no Brasil em geral está associada às florestas de terra- firme nos terrenos levemente ondulados no planalto brasileiro e nas cabeceiras dos rios da Amazônia Ocidental. No sul do Pará, três padrões ocorriam antes da exploração madeireira: i) ao longo das margens dos rios perenes que fluem para o leste (bacia do Araguaia) e para o oeste (bacia do Xingu); ii) ao longo dos igarapés sazonais existentes nos terrenos ondulados entre os rios principais; e iii) em elevações formadas por grani- tos isolados até o topo das serras (Grogan 2001). Mogno na Amazônia -19- Reprodução e Regeneração É escasso o conhecimento sobre a taxa e o padrão anual de produção de fruto em árvores e populações de mogno. No sul do Pará, a fecundidade aumenta em função do diâmetro do tronco do mogno, um resultado que corrobora as descobertas feitas na Bolívia, por Gullison et al. (1996), e no México, por Camara & Snook (1998). Entretan- to, a taxa de produção de fruto é altamente idiossincrática – nem todas as árvores de grande porte produzem frutos abundantes, algumas das árvores de pequeno porte es- tão entre os indivíduos mais fecundos, e a produção interanual varia largamente no mesmo indivíduo, bem como entre as populações. Por essa razão, as taxas de disponibi- lidade de sementes para dispersão são altamente imprevisíveis para uma árvore especí- fica (Grogan 2001). Dispersão de sementes e germinação No sul do Pará, onde os ventos da estação seca sopram do leste para o oeste, a maioria das sementes é dispersa dentro de 100 metros a oeste das matrizes. Em geral, essa dispersão ocorre antes do início da estação chuvosa. Entre 60% e 70% das semen- tes são viáveis no momento da dispersão. A sobrevivência de sementes no chão depen- de da extensão do tempo antes do início da estação chuvosa e o padrão temporal das primeiras chuvas (Grogan 2001). Até 50% das sementes, em parcelas experimentais, podem sofrer danos por animais, insetos e fungos. Em florestas levemente exploradas, o forrageio sistemático e as perdas são bem menores se comparados à taxa de predação por ratos (Proechimys spp.) em florestas intensamente exploradas (Clements 2000, Grogan 2001, Jennings & Brown 2001). Em ambiente de sombra e floresta úmida, a taxa de germinação das sementes re- manescentes é alta (Morris et al. 2000). Mesmo com a chegada das primeiras chuvas, a germinação costuma atrasar nos ambientes mais secos como as clareiras, onde a inci- dência solar resseca a liteira. Nesse caso, a taxa de mortalidade das sementes é maior devido à exposição prolongada a predadores e patógenos (Grogan 2001). Crescimento de plantas jovens e adultas A mortalidade continua após a germinação das sementes. No estágio de plântulas, os indivíduos sofrem ataque de insetos, patógenos, estresse hídrico e deposição de fo- lhas da árvore. A densidade de plântulas estabelecidas pode atingir 1 indivíduo por metro quadrado em torno de um raio de 50 metros das matrizes com alta produção de frutos (Grogan 2001). Ainda que as plantas jovens consigam sobreviver no primeiro momento, o ambiente de sombra típico do sub-bosque dificulta a sua permanência por muito tempo (Figura 9) (Gullison & Hubbell 1992). De fato, após dois anos nesse am- biente de sombra, as plantas jovens perdem a habilidade de responder rapidamente (crescimento vertical) às condições de luz que possam ser criadas por algum tipo de distúrbio na copa das árvores adultas (Grogan 2001). O crescimento vigoroso das plantas juvenis requer mais luz do que aquela disponí- Grogan et al. -20- vel nas condições do sub-bosque. As plântulas com altura superior a 50 cm e as arvore- tas de 5 cm - 10 cm de DAP são raras nesse ambiente, e ocorrem principalmente nas clareiras dentro da área de dispersão das sementes. A taxa anual de crescimento de plantas juvenis pode exceder 3,5 m de altura e 3 cm de diâmetro somente em condições ideais de luz e nutrientes – solos ricos em nutrientes, bem-drenados e de fina textura (Lopes et al. 2000, Grogan 2001). No sul do Pará, a taxa de crescimento das plantas jovens está associada às condi- ções do solo. Estudos experimentais revelaram que a taxa de crescimento é maior nas áreas baixas com solos hidromórficos do que nas áreas altas com solos pobres. Isso indica que os solos enriquecidos influenciam a taxa de regeneração, bem como as con- dições de luz e o nível de competição. De fato, zonas de solos ricos em nutrientes, especialmente as cabeceiras e margens dos riachos, abrigam maior densidade de mog- no. Dado que a fertilidade do solo declina a partir das cabeceiras, a escala e a intensida- de do distúrbio de dossel necessários para que o recrutamento do mogno ocorra com sucesso nestas áreas deve aumentar (Grogan 2001). Esses resultados corroboram as observações de Sombroek & Sampaio (1962) no baixo Araguaia. De acordo com esses autores, o mogno ocorre comumente em áreas de drenagem pobre sobre solos do tipo ultisol com elevada saturação de bases e intercâmbio de nutrientes primários. Figura 9. Sobrevivência das plantas jovens estabelecidas naturalmente ao redor de oito árvores matrizes no sul do Pará entre 1995 e 2000. Cada linha representa as plântulas em torno de uma árvore. (Fonte: Grogan 2001) Mogno na Amazônia -21- Figura 10. Crescimento diamétrico anual de 215 árvores de mogno por classes de diâmetro no sudeste do Pará entre 1996 e 1999. A barra de erro refere-se a um erro padrão. Fonte: Grogan 2001. Dados recentes permitem fazer projeções iniciais sobre o desenvolvimento do mogno a longo prazo. Em quatro áreas no sul do Pará, Grogan (2001) encontrou um crescimento diamétrico médio anual entre 0,49 cm e 0,79 cm para árvores com DAP maior do que 10 cm (Figura 10). Entretanto, a taxa de crescimento das árvores mais robustas excedeu 1 cm por ano em quase todas as classes de tamanho inferiores a 70 cm de DAP. Isso significa que um sub-grupo de árvores de crescimento rápido em uma dada população pode chegar a um tamanho comercial (55 cm de DAP) em 50 a 60 anos. Regeneração após Exploração Madeireira As plantas jovens e arvoretas de mogno tendem a ocorrer após exploração madei- reira nos trechos de floresta onde os distúrbios estão concentrados: clareiras, trilhas de arraste, estradas de acesso e áreas alagadas. Entretanto, Veríssimo et al. (1995) encon- traram plântulas de mogno em apenas 30% das 69 parcelas estudadas em clareiras aber- tas pela extração dessa espécie em quatro sítios no sul do Pará. Além disso, as plântulas encontradas pareciam ter um crescimento lento. Grogan et al. (no prelo) encontraram plântulas em 65% das 40 clareiras criadas pela extração do mogno dois a três anos após o término da exploração. Quatro das clareiras responderam por 55% de todos os indi- víduos levantados, enquanto as outras 22 clareiras possuíam apenas 2,6 plantas por cla- reira em uma área média de 535 m2. A vegetação secundária ocupava todas as clareiras, e a maioria da regeneração de mogno estava sendo suprimida pela competição criada Grogan et al. -24- 1998, no qual foi aprovada uma iniciativa para um inventário nacional dos estoques comerciais restantes. Entretanto, essa medida ainda não foi implementada. As informa- ções sobre os estoques disponíveis são ainda escassas ou imprecisas. Informações quantitativas sobre o estoque de mogno são difíceis por várias ra- zões. Primeira, a extensa área de ocorrência do mogno torna inventários em toda a região logisticamente desafiadores e custosos. Segunda, são escassas as informações sobre a distribuição histórica e os volumes extraídos de qualquer região. Isso significa que não há nenhuma base para comparar volumes explorados com os estoques históri- cos para estimar os estoques restantes. Terceira, mudanças no uso da terra posteriores à extração de mogno – por exemplo, conversão da floresta em pastagem e campos agrí- colas, ou degradação da floresta por incêndios periódicos na estação seca (Cochrane et al. 1999, Nepstad et al. 1999) – ocorrem em escalas muito grandes e variáveis para que se possa quantificar exatamente. E, finalmente, há poucas informações sobre as árvores sobreviventes (geralmente < 40 cm de DAP) e a regeneração potencial (plântulas e arvoretas estabelecidas antes ou após a exploração) em florestas exploradas. Contente de Barros et al. (1992) tentaram quantificar os volumes exploráveis res- tantes de mogno que ocorrem naturalmente no Brasil. Eles estimaram que restariam de 16 a 21 milhões de metros cúbicos de mogno explorável em cerca de 500.000 km2 de floresta, excluindo as Terras Indígenas ou outras áreas protegidas. Esse estoque seria suficiente para suprir 500.000 m3 de toras por ano num período de 32 a 42 anos. Eles também estimaram que existiriam ainda 13,7 milhões de metros cúbicos de mogno em cerca de 340.000 km2 nas Terras Indígenas e outras áreas protegidas. Contudo, essa tentativa de estimar o estoque de mogno revela falhas graves. O relatório parte de fontes de dados que estavam desatualizados na época de sua redação em 1992. De fato, uma porção importante da área de ocorrência natural do mogno já havia sido significativamente alterada (exploração predatória de madeira, fogo e desmatamento). Outro problema é que a base de dados do Radam e outras fontes cita- das naquele relatório não seria apropriada para fazer extrapolação para toda a região por causa de diferenças nos objetivos ou metodologias utilizadas nos inventários. Além disso, as Terras Indígenas e outras Unidades de Conservação não estiveram livres da exploração de mogno. Com exceção de pequenas áreas remotas de floresta dentro de Terras Indígenas, povoamentos comerciais de mogno comercializável não existirão por muito tempo no sul e oeste do Pará. De fato, a exploração dos estoques de mogno remanescentes na região da Terra do Meio (entre os rios Xingu e Iriri) tem removido a grande maioria das árvores maiores de 45 cm de DAP. Atualmente, a fronteira de exploração do mogno está situada no oeste do Pará (ao longo da Rodovia Cuiabá-Santarém) e sudeste do Amazonas. Depois disso, a última fronteira de exploração do mogno na Amazônia Brasileira estará no Acre. Para acelerar os inventários é importante desenvolver métodos alternativos para pelo menos identi- ficar as zonas de ocorrência intactas e já exploradas. Por exemplo, é provável que os exploradores de mogno já tenham um inventário empírico das áreas de ocorrência e dos estoques. No trabalho de exploração, eles se especializaram em levantamentos aé- reos rápidos, identificando as árvores pelo brilho das folhas nas partes baixas da paisa- gem. Esse conhecimento poderia ser usado para iniciar um levantamento rápido. O mapeamento das estradas de exploração e das clareiras de exploração em imagens de satélite pode ser usado para indicar as áreas já exploradas. Depois disso, inventários detalhados deveriam ser conduzidos nas principais áreas de ocorrência restantes. Mogno na Amazônia -25- Manejo de Mogno em Florestas Primárias Nesta seção apresentamos sugestões para o manejo de mogno em florestas nati- vas. Mas antes, é importante frisar que o manejo do mogno na Amazônia pode enfren- tar uma controvérsia legal. A maioria do estoque de mogno está localizada nas margens dos rios e canais sazonais de drenagem que, segundo o código florestal brasileiro, são Áreas de Preservação Permanente (APP). Originalmente, essas áreas não poderiam ser tocadas a não ser em caso de obras de interesse público. Atualmente, a Medida Provi- sória que regulamenta o código florestal indica que a vegetação nas APPs poderia ser manejada. O manejo das APPs seria possível desde que o uso fosse de interesse social e a utilização envolvesse “supressão eventual e de baixo impacto da vegetação” (respec- tivamente, artigo 4º e parágrafo 3º da Medida Provisória 2.166-67 de agosto de 2001). Entretanto, os regulamentos sobre manejo das APPs ainda não foram estabelecidos. Portanto, a falta de regulamentação do uso das APPs e a baixa experiência no uso da Medida Provisória podem dificultar o manejo do mogno em florestas nativas. As técni- cas apresentadas a seguir para o manejo do mogno podem servir de referência para a regulamentação do seu manejo. A premissa básica do manejo florestal sustentável é que os volumes de madeira extraídos devem ser repostos ao longo do tempo pelo crescimento de árvores jovens remanescentes e pela regeneração natural ou induzida (isto é, plantio de enriquecimen- to). As recomendações de manejo apresentadas aqui derivaram de estudos de campo conduzidos no sul do Pará e Acre desde 1995 (ver Grogan 2001, Baima 2001). As flo- restas intactas de mogno estão localizadas principalmente no Acre e em pequenas par- tes do oeste do Pará e sudeste do Amazonas. O manejo dessas florestas envolveria a exploração cuidadosa das árvores maduras e tratamentos para estimular o crescimento das árvores jovens e regeneração de plantas jovens como discutido a seguir e resumido na Tabela 1. Técnicas para a extração das árvores maduras (1ª colheita) Planejar a extração. O planejamento deve incluir o mapeamento das árvores e o desenho da rede de estradas, os quais permitem tornar a extração mais eficiente e redu- zir os impactos da exploração à estrutura da floresta (isto é, reduzir a área de abertura de estradas, clareiras inapropriadas, reduzir o número de árvores jovens danificadas e danos aos cursos d’água). Além disso, uma abertura menor da floresta previne riscos de incêndio florestal (Holdsworth & Uhl 1998). Respeitar o diâmetro mínimo de corte e selecionar matrizes. Somente as árvo- res maiores (por exemplo, acima de 55 cm de diâmetro) devem ser cortadas. As árvo- res menores devem ser mantidas para ajudar a formar uma nova população e poderão ser cortadas na segunda colheita. Árvores de mogno ocas, porém robustas, podem pro- duzir sementes de boa qualidade. Devido à baixa densidade de mogno no Acre (se com- parado ao sudeste do Pará), pode ser necessário manter árvores em grupos para man- ter a capacidade reprodutiva da população. Fora desses grupos deve-se considerar a remoção completa das árvores com tamanho comercial e plantios de enriquecimento Grogan et al. -26- nas clareiras. As matrizes devem servir principalmente como fonte de sementes para o plantio de enriquecimento; ou seja, as sementes devem ser coletadas e plantadas nas clareiras. A dispersão natural das sementes – na direção a favor dos ventos dominantes – não atingiria todas as áreas abertas que deveriam ser ocupadas. Controlar a direção de queda das árvores e coletar sementes . Onde for possível, a direção de queda das árvores deve ser controlada para abrir clareiras próximo das áre- as mais prováveis de ocorrência natural de árvores jovens; ou seja, a favor dos ventos dominantes. Se a derrubada ocorre antes da dispersão de sementes, os frutos não libe- rados devem ser removidos das copas para a coleção de sementes. Tratamentos para as árvores da segunda colheita Desbastar árvores competidoras e cortar cipós. Na época da primeira colheita, as árvores e os cipós que sombreiam as árvores médias de mogno remanescentes (25 cm a 55 cm de diâmetro) devem ser desbastados. Resultados preliminares no sul do Pará indicam que árvores de mogno respondem bem dois anos após esses tratamentos (Grogan, dados não publicados). Esse estoque poderia ser explorado após cerca de 30 anos contados a partir da primeira colheita. Tabela 1. Procedimentos para o manejo de mogno e projeção da época da colheita. População alvo dos procedimentos Árvores DAP > 55 cm: 1ª colheita Árvores DAP > 25 cm: 2ª colheita Plântulas: 3ª colheita Plântulas: 4ª colheita Ano de intervenção 0 0 0 ~ 1,3,6,10,30 ~ 30 ... Procedimentos - Planejar exploração. - Respeitar diâmetro mínimo de corte. - Selecionar árvores matrizes e coletar sementes. - Cortar cipós das árvores jovens de mogno. - Desbastar árvores competidoras. - Realizar plantios de enriquecimento em clareiras da exploração. - Estimular a regeneração natural nas clareiras da exploração. - Limpeza em torno das plantas de mogno. - Realizar plantios de enriquecimento em clareiras da exploração. - Cortar cipós das árvores jovens de mogno. - Desbastar árvores competidoras. Tempo até colheita em relação ao ano zero (anos) 0 ~ 30 ~ 60 ~ 90 Mogno na Amazônia -29- O mogno não é indicado para a recuperação de solos degradados (por exemplo, pastagens degradadas). Isso porque ele sofre com a competição das gramíneas e cresce lentamente em solos empobrecidos (Grogan 2001). Entretanto, o mogno pode crescer vigorosamente se for plantado entre sistemas agrícolas que utilizam grande quantidade de fertilizante – por exemplo, plantios de pimenta-do-reino. Conservação O manejo de florestas nativas poderia contribuir para a conservação desde que as populações viáveis fossem mantidas em toda a zona de ocorrência natural do mogno. As seguintes medidas adicionais são recomendadas para fortalecer a conservação de mogno no Brasil: Designar novas áreas de proteção para o mogno. Isso poderia assegurar a conserva- ção de uma ampla variedade fenotípica e genética do mogno no Brasil. Essas áreas poderiam incluir, por exemplo, populações isoladas em terrenos elevados no sul do Pará, bem como pequenas parcelas de populações exploradas que atualmente não estão protegidas. Proteger unidades de conservação contra mais exploração. O valor extraordinário do mogno proporciona, em áreas protegidas, quantidades comercializáveis vulneráveis à exploração ilegal. Sem a proteção governamental eficaz associada a penas pesadas contra a extração ilegal, é inevitável o desaparecimento de árvores adultas de mogno de qualquer paisagem. Fazer cumprir a Reserva Legal nas propriedades privadas. Por toda a área de ocor- rência natural original do mogno no Brasil, parte significativa da floresta está sendo convertida para outros usos sem precauções para manter comunidades representativas da fauna e flora que são únicas para cada região e localidade. Parte dessas florestas contém populações remanescentes da exploração de mogno e árvores isoladas (por exemplo, na parte alta das serras do sul do Pará). Essas populações poderiam ser pro- tegidas se a legislação que ordena manter parte da propriedade em floresta (Reserva Legal) fosse cumprida. Investir em pesquisa direcionada à melhoria do manejo e conservação. Técnicas para o manejo de árvores em ambientes naturais e artificiais são baseadas na compreensão de como uma espécie se reproduz, sobrevive e cresce numa dada paisagem. Projetos de pesquisa correntes (Quadro 1) oferecem oportunidades para verificar o crescimento e a reprodução do mogno durante muitos anos. É possível que no futuro próximo não haja novamente essa oportunidade para o mogno, uma vez que a paisagem torna-se crescen- temente fragmentada. Novas iniciativas de pesquisa deveriam ser incluídas como uma parte integral dos projetos de manejo no sudoeste do Pará, Rondônia e Acre, onde o mogno cresce em paisagens muito diferentes das paisagens do sudeste do Pará. Grogan et al. -30- Quadro 1. Programas de pesquisa sobre mogno na Amazônia Brasileira. Programas de pesquisa importantes foram iniciados no Brasil abordando ecologia, estrutura genética e manejo de mogno em florestas naturais, incluindo os seguintes: Kayapó & Conservation International. Projeto iniciado em 1993 na estação de pesquisa Pinkaití (aldeia Aukre), reserva indígena Kayapó, sudeste do Pará. Esse projeto tem como objetivo estudar os padrões de distribuição do mogno, crescimento e regeneração em flo- resta intacta. As instituições colaboradoras são a Universidade de São Paulo, Universidade de Toronto (Canadá) e Fundação Nacional do Índio (Funai). A estação Pinkaití (5.000 hec- tares) foi criada pelos Kayapós para pesquisa e conservação. Contato: Dra. Barbara Zim- merman, b.zimmerman@utoronto.ca. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) . Desde 1995, a pesquisadora Maristerra Lemes vem estudando a genética do mogno em áreas no Pará, Mato Grosso, Rondônia e Acre. Essa pesquisa aborda a estrutura genética, os padrões do fluxo de gene dentro das populações de mogno, os impactos da exploração madeireira e a fragmentação do sistema de pares usando marcadores de DNA microsaté l i te . Instituição colaboradora: Embrapa-Centro de Recursos Genéticos e Biotecnologia. Contato: Dra. Maristerra Lemes, mlemes@inpa.gov.br. Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e a Escola de Ciênci- as Florestais e Estudos Ambientais da Universidade Yale (EUA). Projeto iniciado em 1995 em áreas de floresta explorada nos municípios de Redenção e Água Azul, sul do Pará. Essa pesquisa aborda os padrões de distribuição espacial do mogno ao longo da paisagem, estrutura populacional, taxa de crescimento e mortalidade, fenologia reprodutiva, produ- ção de frutos, ecologia de mudas e implicações da biologia do mogno para o manejo em florestas nativas. Instituições colaboradoras: Herbário da Embrapa-Cpatu (Belém), Univer- sidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual da Pensilvânia (USA) e College of Wooster (USA). Os sítios de pesquisa incluem (ou incluíram) as áreas de manejo da Serraria Marajoara, Madeireira Juary, Peracchi Timber e Sr. Honorato Babinski (proprietário f lorestal). Conta- to: Dr. James Grogan (Imazon), jgrogan@imazon.org.br. Embrapa Amazônia Oriental (Cpatu Belém) e Programa de Pesquisa Florestal do DFID (Reino Unido) . O programa teve início em 1998, em florestas de mogno explora- das seletivamente nos municípios de Rio Maria, Parauapebas e Marabá, no sudeste do Pará. Os objetivos do programa são estudar os padrões espaciais de distribuição do mogno, a estrutura populacional, a produção de frutos, a predação de sementes, a regeneração natu- ral após exploração madeireira, a ecologia das mudas e as prescrições silviculturais deriva- das dos estudos ecológicos. Instituições colaboradoras: Instituto Florestal de Oxford, Bep Noi Associação dos Índios Xikrins e Instituto Socioambiental. As principais áreas de estu- do são: MG Madeireira e Agropecuária LTDA (Rio Maria), Nordisk Timber (Marabá) e Re s e r va d o s X i k r i n s ( Pa r a u a p eb a s ) . C o n t a t o s : Jo s é d o C a r m o A l ve s L o p e s , carmo@cpatu.embrapa.br, Dr. José Natalino Macedo Silva, natalino@cpatu.embrapa.br, e Dr. Olegário Carvalho, olegario@cpatu.embrapa.br. Imazon, WWF e Governo Estadual do Acre. Entre os objetivos do projeto iniciado em 2001 estão: testar práticas de manejo de mogno e de espécies de alto valor madeireiro no Acre; avaliar a viabilidade técnica e financeira do manejo florestal; documentar e disseminar o sistema de manejo para empresários, pequenos agricultores, extrativistas e agentes governamentais. Par- ceiros do projeto: Madeireira AFG Oliveira, Secretaria Executiva de Floresta e Extrativismo do Estado do Acre, Fundação de Tecnologia do Estado do Acre, Agência Norte Americana para o Desenvolvimento Internacional, Serviço Florestal Norte Americano. Contato: Dr. James Gro- gan (Imazon), jgrogan@imazon.org.br. Mogno na Amazônia -31- INICIATIVAS DE CONTROLE DA EXPLORAÇÃO DO MOGNO A exploração de mogno está sujeita a iniciativas de controle tanto do governo brasileiro quanto de organismos bilaterais internacionais e do movimento ambientalis- ta nacional e internacional. Essas iniciativas estão ficando cada vez mais fortes. A se- guir, revisamos essas tentativas e discutimos novas possibilidades de controle. Planos de Manejo A exploração de qualquer madeira, inclusive mogno, está sujeita ao controle dos órgãos ambientais do Brasil. A exploração de florestas nativas deve ser legalizada por meio de autorizações de planos de manejo florestal ou de desmatamento. A grande maioria da exploração de mogno tem sido legalizada através dos planos de manejo. Entretanto, o controle desses planos em geral tem sido frágil. Um estudo da Embrapa (1996) revelou que a grande maioria das práticas de manejo previstas não era executa- da. Planos de manejo de uma dada área têm sido usados para legalizar a exploração de áreas ilegais. A exploração de terras devolutas e Terras Indígenas certamente utilizou esses créditos fraudulentos. O transporte de madeira ilegal pode passar facilmente por legal porque o sistema de controle baseado em guias de transporte é frágil (Barreto & Souza Jr. 2001). A partir de 1995, o Ibama passou a avaliar os planos de manejo na Amazônia e os problemas do controle ficaram mais evidentes (Ibama 1998, Ibama 1999, Ibama 2001c). Por exemplo, um relatório do Ibama publicado em 1999 revela falhas na avaliação dos projetos de manejo de mogno realizados nos anos anteriores, entre 1995 e 1998 (Ibama 1999). A revisão dos planos de manejo por uma equipe do Ibama formada por técnicos de outras regiões levou à suspensão de 85% dos planos que ainda estavam em funciona- mento. Em 1996, os sinais do fracasso do controle levaram o Presidente da República a decretar a proibição temporária de novas autorizações de planos de manejo de mogno (Decreto Presidencial 1963, de julho de 1996). Em 1998 e 2000 o Presidente renovou as proibições (respectivamente, Decreto 2.687/1998 e Decreto 3.559/2000). Em outubro de 2001, era evidente que a exploração ilegal continuava em parte com base em “planos de manejo ainda em vigor”. O Ibama e a Polícia Federal lançaram a “Operação Mogno” para coibir a exploração, principalmente no sul do Pará, entre os rios Xingu e Iriri, chamada de “Terra do Meio”. Os 11 planos restantes de mogno fo- ram inicialmente suspensos pelo Ibama (Instrução Normativa 17/2001 do Ibama) até a realização de uma auditoria. Após a auditoria com a participação de consultores exter- nos ao Ibama, 10 desses planos foram cancelados em dezembro de 2001 devido a im- propriedades técnicas ou fraudes (Instrução Normativa do Ibama 22/2001). O Ibama proibiu inclusive a exportação da madeira que havia sido explorada com base nos pla- nos antigos por entender que essa madeira seria de origem ilegal. Parte dos madeireiros questionou judicialmente a proibição e conseguiu liminar para exportação da madeira. O governo brasileiro (Ibama 2002a) e entidades ambienta- Grogan et al. -34- tos do volume de mogno a explorar, mediante comunicação via satélite entre o cami- nhão e computadores no órgão ambiental. Veja mais detalhes sobre essa metodologia em Barreto & Souza Jr. (2001). Induzir os planos de manejo à certificação independente. A certificação socioambiental independente seria uma das poucas formas de manter a credibilidade do comércio de mogno, pois é aceita pela grande maioria dos ambientalistas e consumi- dores internacionais. O governo brasileiro reconheceu recentemente a importância de estimular a certificação. A nova legislação florestal brasileira concede benefícios aos projetos certificados ou em processo de certificação, como descontos nas taxas de vis- toria (Instrução Normativa 04/2002 do Ministério do Meio Ambiente). CONCLUSÃO O mogno é uma espécie pioneira ou secundária tardia que ocorre em diferentes ambientes ao longo da paisagem na medida em que as suas sementes são dispersas pelo vento. Essa espécie tem sementes com alto poder de germinação, cresce rápido em condições de luz plena ou parcial, e pode atingir uma grande estatura (mais de 1,5 m de diâmetro e 40 m de altura) após mais de cem anos. Os pontos fracos do mogno incluem a suscetibilidade à broca do ponteiro (Hypsipyla grandella) e o crescimento lento em solos pobres. No caso da broca, que danifica e indiretamente prejudica o desenvolvi- mento do caule, o ataque ocorre durante as fases de muda e arvoreta. As condições altamente específicas de regeneração, combinadas com o ataque da broca do ponteiro, ajudam a explicar porque o mogno ocorre em densidades tão baixas em florestas natu- rais, bem como o motivo pelo qual as plantações dessa espécie em densidades elevadas – seja em florestas nativas, ou em áreas abertas – têm sido tão difíceis. No sul do Pará há populações sub-adultas de mogno (menor de 45 cm de DAP) remanescentes em florestas exploradas, exceto onde as áreas foram re-exploradas após a primeira exploração, desmatadas, ou degradadas por incêndios. O mogno também ainda está presente em florestas nativas do Acre e sudeste do Amazonas. Entretanto, sem a intervenção de manejo florestal, o mogno pode sofrer a extinção comercial na maior parte de sua área de ocorrência no Brasil e, possivelmente, extinção biológica em escala local. O manejo do mogno envolve a manutenção de árvores matrizes, corte de cipós e desbastes, e o estabelecimento da próxima geração de mogno por meio de plan- tios de enriquecimento e regeneração natural nas clareiras. Para estabelecer um comércio de mogno que tenha credibilidade será necessário implementar novos mecanismos de controle da exploração envolvendo novas tecnolo- gias (georreferenciamento dos planos de manejo em imagens de satélite e o rastreamen- to do transporte das toras) e processos como a certificação socioambiental indepen- dente. A continuação da exploração predatória do mogno – a madeira mais valiosa do Brasil – seria um duro golpe na esperança do uso sustentável do patrimônio florestal brasileiro. Consumidores e produtores têm pouco tempo para demonstrar que esse pa- trimônio pode ser usado responsavelmente. Mogno na Amazônia -35- Agradecimentos: Este trabalho foi baseado em grande parte na Tese de Douto- rado do primeiro autor (James Grogan) na Escola de Ciências Florestais e Estudos Ambientais da Universidade Yale (EUA). O estudo de Grogan contou com apoio do Serviço Florestal Norte-Americano, Agência Norte-Americana para o Desenvolvi- mento Internacional (Usaid), Fundação Lindbergh de Minneapolis (EUA) e do pro- grama de bolsas da OIMT (Organização Internacional de Madeiras Tropicais). As se- guintes empresas permitiram acesso a suas áreas de floresta para a pesquisa no sul do Pará: Serraria Marajoara, Madeireira Juary e Peracchi. Paulo Barreto e Adalberto Ve- ríssimo receberam apoio do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), Usaid e Funda- ção William & Flora Hewlett. Os autores gostariam também de agradecer a Glaucia Barreto pela tradução de parte do manuscrito. As informações referentes à situação do mogno no Acre foram coletadas como parte da colaboração do Imazon com o Governo Estadual do Acre. Grogan et al. -36- REFERÊNCIAS Baima, A. M. V. 2001. O Status de Swietenia macrophylla King (Mogno) em duas florestas explo- radas no Estado do Pará: O caso de Marabá e Rio Maria. FCAP, Belém, Pará, Brasil. Tese de Mestrado, 174 pp. Barreto, P. & C. Souza Jr. 2001. Controle do desmatamento e da exploração de madeira na Amazônia: diagnóstico e sugestões. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Brasileiro de Re- cursos Naturais Renováveis. PPG7/Promanejo. Relatório Técnico do Componente III. Belém, Pará, Brasil. Novembro de 2001. Bass, M., D. Downes & C. Wold. 1999. Comments supporting the proposal of Swietenia macrophylla for listing in Appendix II of CITES and other options for encouraging sustainable trade. Center for International Environmental Law, Washington, DC, USA. Relatório submetido ao Serviço Norte-Americano de Pesca e Vida Silvestre. 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