Baixe Derivada Implícita e Diferenciais - Apostilas - Matemática e outras Notas de estudo em PDF para Matemática, somente na Docsity! 77 7. Diferenciação Implícita ` Sempre que temos uma função escrita na forma y = f(x), dizemos que y é uma função explícita de x, pois podemos isolar a variável dependente de um lado e a expressão da função do outro. Porém nem sempre isso é possível ou conveniente e, caso isso ocorra, dizemos que y é uma função implícita de x. Vejamos, por exemplo, a equação y = 2x2 – 3. Observamos que y é uma função explícita de x, pois podemos escrever y = f (x), onde f (x) = 2x2 – 3. Entretanto, a equação 4x2 – 2y = 6 define a mesma função, pois isolando y obtemos y = 2x2 – 3. Quando escrita na forma 4x2 – 2y = 6, dizemos que y é uma função implícita de x. Observação: É necessário tomar cuidado, pois muitas vezes uma equação em x e y pode definir mais de uma função implícita. Exemplo: A equação x2 + y2 = 1 pode definir várias funções implícitas, tais como 21 xy −= , 21 xy −−= , ≤<−− ≤≤−− = 13,0,1 3,01,1 2 2 xx xx y , dentre outras. Vejamos os seus gráficos: −1 1 1 x y −1 1 −1 x y −1 1 −1 1 x y Derivação: Para derivar uma função dada na forma implícita, basta lembrar que y é função de x e usar a regra da cadeia. Exemplos: a) Dada a equação 4x2 – 2y = 6, determine y’(x). Para não esquecermos que y é função de x, podemos escrever a equação como 4x2 – 2y(x) = 6. Assim, derivando ambos os lados em relação à x, obtemos 8x – 2 y’(x) = 0 ou y’(x) = 4x, que coincide com a derivada de y = 2x2 – 3. docsity.com 78 b) Faça o mesmo para x2 y + 2y 3 = 3x + 2y ou x2 y(x) + 2[y(x)] 3 = 3x + 2y(x) Derivando ambos os lados em relação à x, temos: 2x y(x) + x2 y’(x) + 6[y(x)] 2 y’(x) = 3 + 2 y’(x) y’(x) [x2 + 6[y(x)] 2 – 2] = 3 – 2x y(x) ⇒ y’(x) = 26 23 22 −+ − yx xy c) Mostre que a reta tangente à circunferência dada por x2 + y2 = r2, em um ponto qualquer sobre ela, é perpendicular à reta que passa por este ponto e a origem (reta que contém o raio neste ponto). Solução: Seja (x1, y1) um ponto qualquer sobre a circunferência. Como o coeficiente angular da reta tangente é dado pela derivada da função no ponto, então, derivando a equação da circunferência em relação à x, temos: 2x + 2y y’(x) = 0, o que é equivalente à y’(x) = y x y x − = − 2 2 . Assim, o coeficiente angular da reta tangente à circunferência x2 + y2 = r2 no ponto (x1, y1) é dado por mt = – x1 / y1. Por outro lado, geometricamente é fácil ver que o coeficiente angular da reta que contém o raio passando por (x1, y1), é dado por mr = y1 / x1. Assim, fazendo o produto, temos: 1 1 1 1 1 −=× − =× x y y x mm rt , o que implica que a reta que contém o raio passando por (x1, y1) é perpendicular à reta tangente à curva neste ponto. Como tomamos um ponto qualquer sobre a circunferência, o resultado vale para todos os pontos sobre ela. Vejamos o gráfico: −1 1 −1 1 x y x1 y1 docsity.com 81 8. Diferenciais Seja y = f(x) uma função diferenciável. Já vimos que se x1 e x2 pertencem ao domínio da f, então a diferença x2 – x1 é chamada incremento de x e denotada por Dx. Assim, Dx = x2 – x1. De modo análogo, o incremento correspondente a y é dado por Dy = f(x2) – f(x1) = f(x1 + Dx) – f(x1) . Definição: Seja y = f(x) uma função diferenciável em x1 e seja Dx um incremento de x. (i) A diferencial de x é dada por dx = Dx. (ii) A diferencial de y em x0 é dada por dy = f ’(x0) dx. Observe que f ’(x1) = x y x xfxxf xx ∆ ∆ = ∆ −∆+ →∆→∆ 0 11 0 lim )()( lim . Assim, quando Dx º 0 , f ’(x0) º x y ∆ ∆ e, conseqüentemente, Dy º f ’(x0) Dx, ou seja, dy º Dy, sempre que Dx º 0. Isso significa que, para pequenas variações em x, podemos usar a diferencial para avaliar a correspondente variação ocorrida em y. Por outro lado, Dy = f(x1 + Dx) – f(x1). Logo, dy º f(x1 + Dx) – f(x1), ou seja, f(x1 + dx) º f(x1) + f ’(x1) dx , sempre que dx = Dx º 0. Esta expressão é denominada aproximação linear de f em torno de x1, pois, como podemos observar, se x = x1 + dx, então f(x1) + f ’(x1) dx = f(x1) + f ’(x1) (x – x1) é a expressão da reta tangente ao gráfico de f em x1. Isso significa que em uma vizinhança muito pequena de x1, podemos representar a função f por sua reta tangente neste ponto, ou seja, f satisfaz f(x) º f(x1) + f ’(x1) (x – x1). Interpretação geométrica da diferencial: docsity.com 82 Exemplos: 1) (a) Use a diferencial para aproximar a variação de sen q, quando q varia de 60o para 610. (b) Calcule sen 610 através da aproximação linear da função seno. Solução: (a) Seja y = f (q) = sen q. Então, dy = f’ (q) dq = cos q dq. No problema, temos: q1 = 60 o = 3 π e dq = 1o = 180 π . Logo, dy = (cos 3 π ) 180 π = 0087,0 1802 1 ≈× π . Assim, quando q varia de 60o para 610, provoca uma variação de 0,0087 em sen q. (b) A aproximação linear para f (q) = sen q é dada por: f (q) = f(q1 + Dq) º f (q1) + df (q1) = sen q1 + (cos q1 )dq . Substituindo os respectivos valores, temos: sen 610 º sen 3 π + (cos 3 π ) ( 180 π ) º 0087,0 2 3 + º 0,8747. Observação: Usando uma calculadora obtemos sen 610 = 0,8746, ou seja, um erro da ordem de 0,0001, pelo fato de que a calculadora usa uma aproximação melhor que a linear. 2) Use a diferencial para aproximar o valor de 50 . Solução: Sejam xxf =)( , x1 = 49 e dx = 1. Então temos: f(x) = f(x1 +Dx) º f(x1) + df(x1) = dx x x 1 1 2 1 + = 7 + 1 14 1 × º 7,07143. Observação: Calculado por uma calculadora obtemos 7,07106. 3) Mede-se como 12 cm o raio de um balão esférico, com erro máximo de ≤0,06 cm. Aproxime o erro máximo no cálculo do volume do balão. Solução: docsity.com 83 Sejam r a medida do raio do balão e dr a medida do erro máximo cometido na medida de r. Então, quando r = 12 cm, temos dr = ≤0,06 cm. Queremos determinar o erro cometido no cálculo do volume, o qual pode ser aproximado por dV, onde V(r) = 3 4 3rπ é o volume da esfera. Porém, dV = V ’(r ) dr = 4 π r2 dr = 4 π (12)2 (≤0,06) º ≤ 108,57. Portanto, o erro máximo no cálculo do volume, devido a um erro na medida do raio de ≤0,06 cm, será de aproximadamente ≤108,57 cm3. Observação: Embora o erro possa parecer muito grande, uma idéia melhor dele é dada pelo erro relativo, que é calculado dividindo-se o erro pelo volume total: 015,0005,03 12 06,0 33 3 4 4 3 2 =×≈==≈≈ ∆ r dr r drr V dV V V π π . Assim, um erro de 0,5% no raio provoca um erro de 1,5% no volume (para mais ou para menos). 4) Uma baleia é avistada pela tripulação de um navio, que estima seu comprimento L em 10 m, com um erro máximo possível de 60 cm. Sabe-se que o peso W (em toneladas métricas) está relacionado com L pela fórmula W = 0,005823 L3,18 . Use diferenciais para aproximar o erro absoluto e o erro relativo na estimativa do peso da baleia. Solução: dW = (3,18) (0,005823) L2,18 dL. Como L = 10 e dL = 0,6, temos dW = (3,18) (0,005823) 102,18 (0,6) º 1,68 tons. métricas. Portanto, o erro absoluto é de aproximadamente 1,68 tons. métricas. O erro relativo é dado por = W dW 19,006,018,3 10 6,0 18,3 18,3 005823,0 )005823,0)(18,3( 18,3 18,2 ≈×=== L dL L dLL . Assim, um erro de aproximadamente 6% na estimativa do comprimento acarreta um erro de aproximadamente 19% na estimativa do peso. docsity.com